Devido
a minha formação, conhecer lugares extremos no mundo sempre foi um sonho. O glaciar Perito Moreno é um desses
lugares.
Aproveitando
meu lado geógrafa, o que é um glaciar?
É
um campo de gelo com áreas definidas de acumulação e perda. A área de
acumulação é onde a neve cai, se acumula e, com seu próprio peso, vai
empurrando o gelo abaixo fazendo-o “caminhando” em direção a uma área mais baixa
que é a de perda de gelo. Podem ser enormes ou pequenos, podem ser antigos como
o Perito Moreno ou geologicamente mais recentes. Um glaciar é considerado
estável quando o ganho e a perda do gelo se equivalem. Segundo os guias locais,
o Perito Moreno encontra-se nessa
condição. Há glaciares pelo mundo que estão avançando, ou seja, ganham mais
massa que perdem e aqueles que estão em regressão, quando perdem mais massa do
que ganham.
Nossa
aventura no Perito Moreno começou
nas passarelas que permitiam observar toda a área de avanço do glaciar. São
várias trilhas bem definidas, algumas mais longas outras menos, que permitem
que você tenha a experiência de ver toda a grandeza daquele blocão de gelo.
Infelizmente,
as pessoas falam muito então fica difícil ouvir o gelo, mas mesmo assim, ele fala
alto e, de vez em quando, ouve-se um forte estrondo indicando que parte do gelo
desprendeu-se do corpo principal.
Mesmo os menores pedaços faz um barulho
enorme. Imagino como deve ser incrível observar um grande pedaço se
desprendendo, daqueles que forma até ondas na superfície do lago, mas isso não
acontece com frequência, geralmente caem pedaços menores. É absurdo pensar que
aquele pedaço de gelo que acabou de desprender-se tem por volta de 500 anos de
idade.
Veja os detalhes dos azuis na geleira... |
Por
duas horas e meia pudemos andar pelas passarelas e fazer um lanche no
restaurante do parque. Comemos, obviamente, empanadas, as mais baratas da
viagem (e uma das mais gostosas).
Mais
uma boa caminhada por passarelas e chegamos ao pé da geleira, onde colocamos os
crampons. Para fazer essa caminhada no gelo, é necessário estar agasalhado, mas
sem exagero, principalmente se for verão o frio não é um exagero; é necessário
um calçado adequado, pode ser tênis ou botas impermeáveis se possível, onde
serão amarrados os crampons e, muito importante, estar de luvas para proteção das
mãos caso você caia, pois o gelo pode cortar, outro equipamento essencial são
óculos de sol, porque o branco do gelo pode causar problemas aos olhos.
Antes
do início, algumas instruções dos guias (dois por grupo), como andar com
aqueles grampos nos pés, o que não é muito fácil no começo.
Durante
a caminhada passamos por subidas e descidas, por pequenas corredeiras de água
gelada, por valetas profundas aonde vimos os diversos tons de azuis no gelo.
Paramos em alguns pontos para explicações e fotos, claro, muitas fotos!
Paramos
também para pegar água gelada para beber. Mais fresca e limpa impossível.
No
final, uma parada para tomar um drink com gelo da geleira (pra quem não bebe tem
água). Neste momento dá uma tristezinha, porque você sabe que está acabando e
que vai ter que ir embora daquele lugar lindo.
Como chegar lá?
A
visita ao glaciar faz-se a partir da cidade de El Calafate. Há inúmeras
agências que levam até o parque, onde você poderá ver toda a parte frontal da
plataforma de gelo pelas passarelas, contudo, apenas uma tem autorização para
levar turistas para caminhar sobre o glaciar: a Hielo y Aventura.
Ao
chegar a El Calafate, se você ainda não fez sua reserva pelo site da agência
para o mini-trekking, se possível vá fazer antes mesmo de ir ao hotel. São
poucas vagas por dia e lota. Fomos fazer nossa reserva numa segunda-feira e só
tinha vaga para a quinta-feira, nosso último dia em El Calafate (quase tive um
treco pensando que poderia ter perdido essa oportunidade!).
A
reserva dá direito a transporte, do hotel até o parque, a algumas horas para
observação do glaciar por meio das passarelas, a um pequeno trecho de barco até
o início do glaciar, grampões para colocar nos calçados e o trekking de mais ou
menos uma hora e meia sobre o gelo.
São
dois tipos de trekkings oferecidos pela empresa: o mini-trekking e o Big Ice, esse
último mais longo e com grau de dificuldade maior. Ambos os trajetos tem
limitação de idade: o primeiro de 10 a 65 anos e para o segundo de 18 a 50
anos, devido à dificuldade e exigências físicas em se caminhar no gelo e pelo
uso de calçados especiais. Nós fizemos o mini-trekking, que já foi uma
experiência mágica, a melhor de toda nossa viagem ao sul da Argentina. Ah, e
nos meses de inverno essas caminhadas não são realizadas.
É
barato? Não, de maneira nenhuma! Mas se você tiver dinheiro para apenas um
passeio em El Calafate, escolha esse.
Maiores informações: http://www.hieloyaventura.com/2010/port_nuestra_empresa.asp
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